sábado, 19 de dezembro de 1987

Êxtase

Escute!
Escute a quietude do meu carinho
e o sentimento estranho,
que barulhento tenta se esconder
na sua inspiração.

Escute!
Escute os poros que se dilatam
em excitação de paz...
Entre com força no meu ouvido
e abafe minha gargalhada sem sentido...

Chupe os meus sentimentos
e apanhe o seu pincel.
Pinte este silêncio meu,
um silêncio atrevido...

Venha mordiscar suavemente
o meu presente,
fazendo-me acordar
nessa tela branca.

Venha deslumbrar o meu corpo
nesse gozo de paz.
Entre com força na minha boca,
pois desejo calar nessas cores.

Quero rasgar o passado
e transformar esta paixão
em sinfonia de murmúrios...
quero murmurar...

Escute o meu silêncio
e, numa eclosão de emoções,
mergulhe as suas mãos
nos meus desejos
e pinte em mim sua virtude branca.

Pinte de verde a minha boca,
de rosa os meus seios,
pinte de azul a minh'alma
e escureça o nosso céu
neste momento de estrela...

Escute o meu silêncio vibrante,
vibrante e trêmulo...
Escute os meus pelos ouriçados
e, com os seus gemidos de luar,
esprema essa tinta no meu sexo.

Pincele a sua alma no meu corpo
e apague o meu corpo da sua alma.
Entrelace as minhas pernas
e beije os meus sentidos.
Transforme a sua boca em pincel
e deslize-a no meu corpo...

Escute!
Quero sentir na tela de você
o êxtase de mim!

Sílvia Mota a Poeta e Escritora do Amor e da Paz
Rio de Janeiro, 198[7?]

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