quarta-feira, 17 de maio de 1972

Desespero

 
 
Desespero
  
Por que persistir
na espera do sorriso?
- Ele não vem!!!
Se pudesse chorar...
 
Se pudesse cuspir, neste momento,
o gosto salgado que me estraga a garganta
e apertar os olhos, castigando-os,
porque não viram a realidade!
 
Se pudesse estourar os tímpanos,
que aguardam palavras de amor
e amputar os braços morenos,
que esperam o abraço branco!
 
Se pudesse chorar, neste momento,
o gosto salgado que me estraga a garganta
e chutar os pensamentos trementes,
que marcam meu lábio de sangue!
 
Se pudesse quebrar os dentes,
cair na rua que me atrai
e permitir sem dor ou arrependimento,
que a vida passasse por cima de mim!...
 
Se pudesse esmagar o corpo inútil,
que arde todo num desejo puro...
Ah! Se pudesse esmagar o corpo inútil,
que arde todo num desejo puro!...
 
Talvez, não vejas a flor despetalar
naturalmente...
Talvez, caia antes da haste,
estupidamente!
Talvez, perca o perfume,
inexplicavelmente!
Talvez, caia da haste,
antecipadamente...
 
Há um medo de ver a morte
no momento errado...
A flor está negra
- assustada -
deixou de enfeitar-se, fechou-se,
exala um perfume amargo!...
Há um medo de ver a morte
mo momento errado...
 
Mas, por que persistir
na espera do sorriso?
- Ele não vem!!!
Se pudesse chorar...
 
Talvez, não vejas a flor
despetalar naturalmente...
 
 
Sílvia Mota a Poeta e Escritora do Amor e da Paz
Rio de Janeiro, 2:15hs da madrugada, do dia 26 de julho, de um ano qualquer.

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